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IP-Franca: uma fonte de riqueza desconhecida
Com efeito, a implantação de uma IP transforma os empresários que, antes, agiam isoladamente, em um “time da cidade”, o que pode ser uma opção inteligente e estratégica para aumento de competitividade e para se fizer um maior e mais rápido giro da economia local, em benefício de toda a sociedade e com significativa melhora da qualidade de vida para a população.
por ELIAS DE OLIVEIRA MOTTA – Presidente do IPDE
Conforme Registro de Indicação Geográfica nº IG201012 de 07/03/2012, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, o Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca – SINDIFRANCA é o detentor da Indicação de Procedência do Calçado de Franca (IP-Franca).
Esta entidade tradicional que representa os calçadistas francanos, segundo nos informou seu Presidente, o empresário José Carlos Brigagão do Couto, está elaborando um projeto para o credenciamento de empresas que estarão autorizadas a usar o selo da Indicação de Procedência de Franca. Está, também, buscando apoio financeiro com os Governos Federal, Estadual e Municipal para a implantação da IP-Franca, incluindo um plano de promoção nacional e internacional para tornar a marca FRANCA (ou seja, o Selo da IP-Franca), conhecida pelos lojistas e consumidores finais, objetivando ampliar o potencial de venda do empresariado de Franca e resgatar a cultura e a memória calçadista que tanto já promoveu o desenvolvimento local e regional.
Diante da gravidade da crise de desindustrialização nacional, ampliada com a Pandemia, o foco dos governantes mais inteligentes não é aumentar impostos e se dirige, agora, para a necessidade de medidas imediatas de apoio às propostas da iniciativa privada voltadas para a recuperação da economia e para a maior geração de renda, emprego e, consequentemente, também para um aumento da arrecadação, sem aumento da carga tributária.
As Estratégias Federais de Desenvolvimento para 2020/2031, publicadas no Decreto 10.531, de 26/10/2020, apresentam uma visão de longo prazo para o Brasil comungando com a síntese de nossa frase anterior.
Daí a importância da iniciativa do SINDIFRANCA, para tornar realidade a IP-Franca, a qual, se contar com apoio governamental, poderá transformar esta cidade num modelo de recuperação de economias municipais.
Com efeito, a implantação de uma IP transforma os empresários que, antes, agiam isoladamente, em um “time da cidade”, o que pode ser uma opção inteligente e estratégica para aumento de competitividade e para se fizer um maior e mais rápido giro da economia local, em benefício de toda a sociedade e com significativa melhora da qualidade de vida para a população. São muitos os exemplos de Indicações Geográficas que encontramos para corroborar esta assertiva, como o Vinho do Porto, de Portugal, como a Champagne da França, e, mais recentemente, a Indicação Geográfica do Queijo da Canastra e a do Café da Alta Mogiana, a qual, apesar de ainda pouco divulgada, já beneficia diretamente nossa cidade.
O objetivo geral da IP-Franca, segundo o Presidente da ACIF, Tarciso Botto, que também está apoiando a proposta, é dar uma garantia de origem aos consumidores e proporcionar a segurança da identificação do calçado de Franca, em qualquer parte do mundo, como um produto de qualidade tradicional.
A IP-Franca poderá, portanto, contribuir, efetivamente, para estabilizar e até aumentar a demanda pelos calçados aqui produzidos; gerar mais empregos e ampliar margens de lucro, pois estabelece a confiança do consumidor, o qual, identificando a origem do calçado, o associará a um produto que, além de ser de couro legítimo e fabricado tradicionalmente por famílias da cidade há mais de um século, é também de qualidade comprovada, segura e superior. Isto poderá realmente acontecer, porque a IP dará maior credibilidade aos calçados de Franca, conferindo-lhes um diferencial de mercado em função das características de seu local de origem.
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em um “time da cidade”
Com isso, nossos calçados, graças ao selo da IP, estariam protegidos do que, popularmente, poderia se chamar de pirataria, ou seja, de falsificações e usurpações indevidas, além de servir como garantia para o consumidor, indicando que se trata de um produto especial, com tecnologia e design diferenciados, feitos com manufatura local especializada.
Assim, além de beneficiar diretamente o parque fabril local, a IP-Franca poderá também atrair investimentos e novas indústrias ligadas aos interesses dos Arranjos Produtivos Locais.
Todavia, o sucesso desse oportuno empreendimento do SINDIFRANCA, poderá ocorrer com maior rapidez e eficiência se ele se fizer acompanhar da elaboração e execução simultânea de alguns projetos paralelos e complementares como os que sugerimos a seguir:
a) Revisão dos Arranjos Produtivos Locais;
b) Pesquisa e Desenvolvimento de Uma Ferramenta de Gestão com Requisitos Específicos para o Setor Calçadista, que inclua Modelagem, Simulação e Otimização de Processos;
c) Capacitação em Gestão por Redes e por Processos e Projetos, para Nivelamento das Indústrias;
d) Qualificação e Requalificação Profissional por Blended Learning;
e) Rastreamento dos Calçados por Lotes, com Uso de QR-Code e Inteligência Artificial;
f ) Centro de Designe, Moda e Inovação aberto a todos os empresários;
g) Pré-Projeto do Parque Tecnológico e Calçadista de Franca e de um Outlet das Fábricas;
h) Plano para Organização, Coordenação e Manutenção do Cluster Coureiro e Calçadista de Franca;
i) Pesquisa Sobre a Memória Calçadista de Franca e Publicação do livro História do Calçado de Franca;
j) Roteiro Turístico incluindo visitação às empresas calçadistas para incremento do turismo de negócios e do de lazer, com realização de feiras em Franca e construção de local para tal ou reforma da Antiga FRANCAL;
k) Aceleração do Desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas Calçadistas, incluindo a elaboração de Planos de Negócios com definição de taxa de retorno para facilitar investimentos estrangeiros e joint-ventures;
l) Suporte Técnico para o credenciamento de empresas e para autorização do Selo da IP-Franca;
m) Realização de Rodadas de Negócios Temáticas para Networking entre empresas de Franca e do exterior.
Com estes projetos, com apoios e colaboração de organizações como Associação de Comércio e Indústria de Franca – ACIF, AMCOA – Associação dos Curtumeiros de Franca, Associação das Indústrias de Componentes, G6, Secretaria de Desenvolvimento da Prefeitura Municipal de Franca, FIESP, CIESP, SEBRAE, SESI, SENAI, SENAC, IPT, FATEC, UNI-FACEF, UNIFRAN, Instituto Cidade do Calçado, IPDE, JBS, FRANCAL, COUROMODA e dos governos Federal, Estadual e Municipal, com certeza, a IP-Franca será um sucesso e exemplo para o desenvolvimento sustentável municipal do Brasil.
O que será que pensam a respeito os candidatos e os eleitos nas eleições de 15 de novembro?